Amor como uma impressão,
como as folhas que sombreiam a porta —
a coisa entre uma folha e a outra,
ligeiro não.
A impressão, o passa-luz, o movimento não.
A coisa que se infiltrou
e adere às paredes
das células um lugarzinho,
uma partícula aconchegada,
quando chegou e quando se nota.
A coisa que ninguém vê,
nem a mãe, nem antes dela —
As cordas de luzes que cruzam o pátio,
e muito sal na carne —
ou a fumaça que deixou o perfume.
Um mosquito mordeu
e senti.
A coisa nas linhas da folha
e no jeito que ela balança,
na ligeireza não,
na parede — entre uma folha e outra,
nas sombras, a parte clara,
a coisa — movente,
cada camada completa e lisa —
mexe a coisa como que bate —
e eterniza o que cintila —