Ctônica

Uma pintura.

Uma mandorla de onde sai uma cobrinha negra, com a qual eu sonhei. Foi um pesadelo: ela saiu do meu guarda-roupa (no sonho) e eu pulei da cama. Mandorlas têm formato de vulvas e é dito em psicanálise que sonhos com cobras negras são raros, pois répteis simbolizam coisas arcaicas, antigas e do inconsciente profundo. Cobras negras são raras também na natureza. Na psique, esse simbolismo fala de conteúdos muito profundos e escondidos que anseiam por se revelar ao indivíduo.

Participou do III Salão de Arte Contemporânea de Alagoas (SACA), no Complexo Cultural Teatro Deodoro, 2017


Ipioca

CTÔNICA
Pintura acrílica sobre tela / 120 x 180cm / 2017.


Pintei esse quadro poucos dias após a minha única sessão, na vida, de Ayashuasca (provamente, pra nunca mais, mas valeu muito (!), porque compreendo que passei por uma cura, muito desejada, à propósito). Durante a sessão, eu me vi "vomitando" a mesma cobrinha negra com a qual sonhei dois meses antes. Algum entulho venenoso, quase com toda certeza, foi expulso e limpo da minha psique. Na volta, eu precisava pintar uma peça para o III SACA. Era outra coisa que eu tinha em mente, antes da ayahuasca, mas em face do que aconteceu em Aracaju (onde tomei o chá) era essa cobrinha que eu precisava expressar e dar forma.

Ctônicas são forças telúricas, densas, que sobem do fundo da terra. São potências dionisíacas, xamânicas e que servem para aterrar o Ser no chão, na natureza de onde veio. Todos temos. São anti-depressivas. (Durmo com essa no meu quarto, hoje em dia.)


Durante a exposição as pessoas esperavam com toda curiosidade eu chegar para dizer que diabos era essa pintura.