Mulher Caída

Uma pintura (em processo).

Uma mulher de cabeça pra baixo. Esse tema já apareceu para mim em outras peças minhas, A Festa das Meninas e Chita-Bonita. É um tema interessantíssimo, esse de se virar de cabeça para baixo. O que aconteceria? Regra geral, percebe-se "cabeça pra baixo" como algo ruim. Todavia, no tarô há uma carta chamada "O Enforcado", ou "O Pendurado", que exemplifica o ato de ser pendurar de cabeça para baixo para ver as coisas por outro prisma. Quiçá, 180°. E ali, quem sabe esteja a resposta. Na psicanálise isso também acontece: o analista geralmente oferece outras perspectivas a um mesmo evento (em sua grande maioria, opostas), e ali (eu bem sei), por vezes, está a chave. A ressignificação. A verdade curadora de uma situação.

Mulher Caída

MULHER CAÍDA
Pintura acrílica sobre tela / 100 x 100cm / 2020, em processo.



Na astrologia, tem-se os pares de opostos-complementares: leão-aquário, libra-áries, e assim sucessivamente, onde luz e sombra se intercalam. No oposto está a chave, muitas vezes.

Na Gestalt tem-se o conceito de polaridades, onde os opostos dialogam e falam das mesmas coisas, pois são o mesmo lugar apenas de um ponto de vista diferente. E isso revela coisas.

Talvez a mulher queira se virar de cabeça pra baixo para achar nos pés a solução pra cabeça? E vice-versa? Bem possível... Conversa pra duas garrafas de vinho.

Nesse quadro percebi que desenhei, sem querer (como sempre é o meu processo = espontâneo) três mapas: o de Alagoas (minha origem), o dos Estados Unidos (onde residi 17 anos) e o de Washington (estado onde está Seattle, onde morei nos EUA). Algo ainda está por fechar nesses três territórios (meus) e talvez por isso essa obra ainda esteja em aberto pra mim. Mas está muito próxima de acabar. Sinto.